segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Prólogo

Audácia, audácia, audácia... Georges Jacques Danton foi apenas o mais brilhante e fervoroso revolucionário do seu tempo (26 de outubro de 1759, Arcis-sur-Aube - 5 de abril de 1794, Paris), e há quem diga que, desde então, não existe outro nome digno de nota que o suceda.
 A audácia é uma arte. Sem ela, o Homem torna-se pálido, menor e desprovido da característica humana fundamental atribuída à nascença: a liberdade. "Audaces Fortuna Juvat", "A sorte protege os audazes". Cliché ou não, não creio em sorte, fortuna ou coincidência, e já na audácia... ; a "audácia", da qual não me cansa escrever, refere-se a uma miríade de situações que nós, enquanto povo Português, desprezamos e não exercemos a troco de um comodismo suave, de um "deixa andar" ilúcido e ébrio, criando assim as condições perfeitas para a proliferação do facilitismo, originando assim a falta de facilidade, piorando, então, a nossa qualidade de vida enquanto cidadãos, eleitores, utentes, clientes, consumidores e, em última análise, homens livres. Poderá parecer ridículo, visto que são direitos adquiridos, mas vou descrever as situações mais comuns em que nós, acima descritos, não exercemos por falta de audácia:

  • pedir um livro de reclamações;
  • fazer queixa de um agente da autoridade;
  • sugerir procedimentos de forma a melhorar um serviço;
  • processar algo ou alguém judicialmente, porque nos prejudicou;
  • recusar obedecer a uma ordem ilícita.

Centremo-nos no comodismo:

  • Para que hei-de eu pedir o livro de reclamações, se assim perderei o início do futebol na televisão?
  • Fazer queixa de um polícia? Hm... isso pode trazer-me dissabores!
  • Olha agora, sugerir procedimentos... as coisas nunca mudam!!!
  • Processar, em Portugal? E esperar anos para ganhar 100 e perder 1000?
  • Se eu recusar uma ordem ilícita, posso ser preso, ou assim...

Quero dizer... onde é que a grande parte da população adulta, em Portugal, tem a cabeça?!? Enterrada na areia ou, pior, num sítio menos cómodo ainda? Se nos metem a mão no bolso, ladramos que nem um pitbull raivoso, rugimos que nem ursos pardos, mas... retaliamos? Abençoados os caniches que não ladram, mas que a determinada altura ferram o dente sem anunciar. Isso, meus caros, é nobreza de espírito! Audácia!
 Longe de mim querer parecer um puto rebelde, um militante do Bloco de Esquerda ou de qualquer outra associação política. A minha política é o meu irmão: você, ele, o outro, e todos os que não se calam perante um país antes tão nobre e hoje em dia tão pobre. Não sou nacionalista, mas gosto de conservar o país que me embebeu de espírito e cultura. Não sou racista, chupista, fascista, imperialista... e muito menos serei autista! Sou você, sou ele, sou os outros. A diferença é que falo, e não me calo. Não enquanto o país estiver entregue aos bandalhos, aos bastardos, aos corruptos, aos desonestos (física e moralmente). 
 A culpa, e nem precisamos de pensar muito, é nossa. Nós os elegemos, nós levamos com eles, até aí faz sentido. Não faz sentido é votar "no meu PS/PSD/CDS/BE/PCP", como se disséssemos "no meu Benfica/Porto/Sporting". Volta a pergunta: ONDE É QUE ESTA GENTE ANDA COM A CABEÇA?!? Depois, mais vale lutar mesmo sabendo que as coisas poderão nunca mudar, pois o que interessa é mover-mo-nos! Se toda a gente pensar que nada se resolve, então realmente nada se resolverá! Logo, e por esse princípio, se nos movermos todos, o que acontecerá? Mudança, certamente. Parece que o o 25 de Abril de 1974 foi há 500 anos, pois ninguém parece recordar-se que um punhado de tão poucos homens fez algo proveitoso para 10 milhões de habitantes. Quero dizer... não foram 50.000, nem 500.000 nem 5.000.000 de militares, mas seguramente menos de 200. Se 200 pessoas, que se uniram num esforço comum, conseguiram derrotar um cancro com 50 anos, o que conseguirão então, digamos, 200.000 portugueses??? Não falo em milhões, mas sim em mil vezes mais pessoas que os militares de Abril. Se 200 conseguem, o que é que está a faltar, ainda mais quando não vivemos num jugo ditatorial? Falta a vontade. Falta a nobreza. Falta a audácia. Falta a insurgência.
 Não pretendo, com este blogue, criar confusão ou violência, física ou psicológica, mas sim esclarecer, convidando cada vez mais desiludidos que, como eu, não conseguem tolerar mais a situação de Portugal. Falarei e exporei a verdade acerca da nossa classe política, do establishment, da desonra que assola a nossa classe política... enfim, do que é errado.
 A figura de Guy Fawkes, hoje em dia muito associada ao filme "V for Vendetta", é um óptimo "alias" que usarei enquanto à frente deste blogue, não por covardia ou subreptícia, mas sim por considerar que uma causa não necessita de caras, antes de acções. Todos os posts poderão e deverão ser comentados sempre que se queira expressar uma opinião, um desabafo, um sarcasmo, uma boca, o que entenderem melhor, desde que dentro dos parâmetros do post. O blogue é NOSSO, e é o que pretendo transmitir a quem vier por bem. Não me lembro de mais nada, a não ser "Bem-Vindos".

Insurrecto

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