Faz hoje 123 anos que um sujeitinho com mais sonhos que posses e mais mundo em si que o mundo inteiro veio ao mundo. Há dias atrás, em conversa com o meu filho devido a um feriado escolar, perguntei-lhe se ele sabia qual era o significado do feriado de 13 de Junho (confundi esta data com o 13 de Maio), e ele retorquiu-me que 13 de Junho não é feriado nacional, mas sim 13 de Maio. Hoje descobri que estava meio enganado, percebendo o porquê do meu meio erro: realmente não é feriado, mas certamente deveria ser.
Se Pessoa fosse vivo, muito com certeza ficaria agradado com alguns acontecimentos: o Nobel de Saramago, a ascensão de José Luis Peixoto, a desenvoltura e sensibilidade de Pedro Tamen, etc... ; bom, claro que nem tudo seriam rosas: o veto a Saramago pela Santa Inquisição (Vulgo PSD, e pelas mãos do ordinário ordinariamente conhecido como Sousa Lara), a massificação de maus escritores no espectro da Língua Portuguesa (Paulo Coelho, Margarida Rebelo Pinto, etc...) e, sem dúvida alguma, a promulgação do Acordo Ortográfico e a reacção inerte da (falta de) classe política em Portugal. Vejamos:
" Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente, Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.
Sim, porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-m'a do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha. "Agora, basta pensar que quem a promulgou tem sérias dificuldades no que toca à Língua Portuguesa, como podemos verificar abaixo:
Assim, e porque a Língua Portuguesa é um incómodo, porque não confiná-la à condição de parente pobre da Língua Brasileira e subjugá-la compulsoriamente (sim, que não nos foi pedida a NÓS, PORTUGUESES, opinião acerca de) a interesses financeiros imorais e irresponsáveis? Debato diariamente esta decisão grotesca e torpe, e não o fiz propositadamente no dia 10 de Junho por não ter nada a celebrar, antes a carpir, e assim fiz 24 horas de silêncio, o meu requiem à extinta Língua Portuguesa.
Se Pessoa fosse vivo, certamente exilar-se-ia em Lanzarote. Sempre seria a decisão mais lúcida.

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